Os abusos sexuais são o segundo
tipo de violência mais comum contra crianças de zero a nove anos - as denúncias
correspondem a 35% do total das notificações de violência contra a criança no
país, atrás apenas dos casos de negligência e de abandono. As informações são
de um estudo preliminar feito pelo sistema de Vigilância de Violências e
Acidentes (VIVA), do Ministério da Saúde.
Somente em 2011, foram
registrados 14.625 casos de violência doméstica, sexual, física e outras
agressões contra crianças menores de dez anos. E as estatísticas são ainda mais
alarmantes no que diz respeito ao local da agressão: mais de 60% das agressões
ocorreram na própria residência da criança e foram cometidas, em sua maioria,
por pais, familiares ou por alguém do convívio muito próximo da vítima, como
amigos e vizinhos.
Como as crianças passam boa parte
do dia na escola, professores, funcionários e gestores podem ser a chave para
encaminhar os casos de violência. Afinal, ninguém melhor que o professor para reconhecer
comportamentos incomuns em seus alunos. Vale lembrar que nem sempre o abuso
sexual envolve contato ou violência física. Práticas de voyeurismo,
exibicionismo, telefonemas obscenos e produção de fotos também estão inclusos
nesta categoria. E a escola deve estar preparada para lidar com essas
situações.
Para Claudia Ribeiro,
especialista em violência sexual do departamento de Educação da Universidade de
Lavras, em Minas Gerais, um grande passo seria instaurar nos cursos de licenciatura
disciplinas obrigatórias que abordem a educação sexual e, sobretudo, os casos
de violência, para que, diante dos frequentes casos de abuso, os professores
estejam preparados para identificá-los e saber a quem recorrer. "Vários
educadores ainda não sabem o que fazer diante destas situações, mas muitas
vezes, eles são os únicos que podem interromper o ciclo da violência",
afirma.
O primeiro passo diante de
qualquer suspeita de abuso é conversar com a criança e com seus pais ou
responsáveis. Você, professor, conhece o histórico de seus alunos e pode
ajudar. Se a sua escola contar com uma comissão de prevenção aos maus tratos -
formada por professores, diretor e coordenador - tanto melhor. Esta equipe
deverá conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente, manter um bom
relacionamento com os conselheiros tutelares da região e, sempre que possível,
organizar momentos de formação para a comunidade escolar (como palestras de
prevenção para pais e alunos, por exemplo). Institucionalmente, ao perceber que
existem crianças em situação de risco, a escola deve acionar o Conselho Tutelar
ou fazer uma denúncia anônima pelo Disque-Denúncia (Disque 100). É importante
que este ciclo seja rápido: quanto mais tempo à escola demorar em agir, mais a
vítima estará exposta ao agressor.
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